domingo, 27 de fevereiro de 2011

A escravidão no Brasil foi oficialmente abolida em 1888, mas ainda é possível encontrar trabalhadores em condições análogas a escravidão. Seja na área rural do Pará, seja na área urbana como nas oficinas clandestinas em São Paulo. Até quando deixaremos persistir o trabalho escrava com mais de um século de lei áurea?

A situação brasileira no que se refere a escravidão é gritante. Em pleno século XXi possuímos escravos, essa situação pode ser considerada ser considerada vergonhosa a um país que se diz ex-escravocrata, que a mais de um século aboliu a escravidão, entretanto ainda possui escravos.

É inegável que o país vem se mobilizando contra a escravidão, seja com as diversas operações da policia federal seja com propagandas sobre a escravidão, mas elas parecem ser insuficientes já que percebesse vários focos de escravidão no brasil.
Pode-se apontar como culpados empresários e aliciadores, mas eles não são os únicos culpados. A sociedade de certa forma é cúmplice, pois no momento em que uma siderúrgica compra carvão, fruto do trabalho escravo. No momento em que um loja de roupas compra peças produzidas por escravos, contribui e incentiva esse crime contra a humanidade.

A solução da escravidão vai muito alem da punição aos principais responsáveis, vai muito além das operações da policia federal. A solução deve parti da sociedade. A sociedade deve exigir um selo que garanta que os produtos que o possuírem não são frutos do trabalho escravo, a sociedade deve denunciar, deve recusar a escravidão. A sociedade é o instrumento de reforma então ela é a responsável por erradicar a escravidão. A sociedade brasileira de hoje deve construir o Brasil do amanha.

Se hoje fosse meu ultimo dia de vida.

Caso hoje fosse meu ultimo dia de vida, caso o amanha não existisse e tivesse consciência disso, faria nada de excepcionou. Não escalaria montanhas ou pularia de para-quedas, meu ultimo dia seria tido por muitos como comum, mas para mim seria singelo.

Como teria um único dia, teria que ter uma lista bem defina ou lista alguma. Se seria meu ultimo dia pra que nortear minhas ações? Seria melhor deixar os acontecimentos ao tempo, apenas tentaria estar sereno. Claro que algumas ações gostaria de realizar e outras não.

Das quais eu gostaria de realizar é: pedir perdão aos que feri, não gostaria de deixar minha existência com espinhos espalhados; caminharia e analisaria tudo ao meu redor procuraria beleza em tudo e todos, não gostaria de deixar minha existência acreditando que vivi uma vida inteira em um mundo desprovido de beleza; daria atenção as coisas simples, pois o mais simples que consideram mais extraordinárias. Leria algo, talvez algo que nunca tivesse lido, gostaria de deixar de existir menos ignorante.

Das quais não gostaria de fazer: de procurar todos os tipos de prazeres existentes, em nada eles me elevariam. De viver no extremo, teria um pouco de adrenalina, mas a melhor parte que é contar o vivido não poderia desfrutar, a quem iria contar?! Não iria tentar decifrar o passado, mesmo que conseguisse do que adiantaria? Seria melhor viver o presente. Não me entregaria ao caos, ao medo, não haveria como mudar o fato que seria meu ultimo dia de vida, então por que lutar contra algo impossível de mudar? Preferia rir ao que nunca dei um grande valor, seja um pássaro cantando ou uma borboleta voando.

Finalmente esperaria, esperaria o fim. Não esperaria com tristeza por não ter mais um dia para repetir, ou com medo do fim de minha existência. Preferia estar alegre, gostaria que no fim de minha trajetória estivesse com uma leve alma, gostaria é certo de estar com pessoas especiais ao meu lado entre eles meus inimigos que teria perdoado. Mas quando o fim estivesse mais próximo gostaria de ter o mínimo possível de pessoas ao meu lado, de preferência uma única, não teríamos palavras, mas teríamos um entendimento recíproco, finalmente me entregaria a eternidade.

Como já disse estaria feliz e realizado em meu ultimo dia de vida, não estaria estressado ou angustiado, estaria sereno, talvez tivesse um ultimo arrependimento. Não de não ter feito algo em meu ultimo dia, mas de não ter vivido minha vida inteira como esse dia.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Pura como a areia branca.

Essa é a história da minha vida. Eu nasci em uma pobre aldeia no interior da Angola, eu e minha família sobrevivíamos da pesca e da agricultura de subsistência. A aldeia era muito pequena havia cerca de 20 famílias. As famílias geralmente eram numerosas, mas a minha era pequena. Ela era composta por apenas três pessoas eu, minha irmã Zairah e meu pai Zaki. Minha mãe chamava-se Jamila, entretanto, ela morreu quando eu tinha 8 anos, pouco soube de sua morte, a única coisa do que me lembro e de alguns comentários das velhas lavadeiras que afirmavam que minha mãe fugira para Luanda com um rebelde e fora morta logo quando eclodiu a guerra civil, mas meu pai nunca confirmou essa versão. Acho que ele sempre tentou proteger eu e minha irmã de algo que até hoje não sei o que era. Meu pai sempre foi meu herói éramos muito felizes, ele amava minha irmã e eu, ele era pescador trabalhava arduamente para não faltar o sustento em casa. Meu pai levava minha irmã e eu em suas costas por quase 2 quilômetros até uma escola da ONU, a única escola da região, levava e nos buscava em suas fortes e largas costas, no total ele andava cerca de 4 quilômetros por dia para que nós tivéssemos uma oportunidade. Ele se sacrificava por nós, meu pai sempre dizia que queria que nós estudássemos, pois assim poderíamos ter uma vida melhor, poderíamos ser uma professora ou até uma médica e cuidar dos doentes da aldeia, linda e efêmera ilusão que meu pai sonhara, ele idealizava um futuro para mim e minha irmã quase perfeito, contudo nem tudo ocorre como nós planejamos.
Até hoje me lembro daquela tarde, eu e minha irmã estávamos brincando na beira do mar quando escutamos um barulho estranho, parecia uma marcha de algum exercito, eu fiquei com medo abracei minha irmã, temia que fosse os rebeldes eu sabia do que eles eram capazes, fechei os olhos por um tempo e pensei "isso tudo é um sonho" abri os meus olhos quando senti alguém me levantando, era meu pai que agarrou eu e a Zairah em seus braços para levar até um local seguro. Ele colocou minha irmã e eu dentro de um barco na areia e cobriu com uma lona. Antes que ele fechasse a lona ele me olhou nos olhos, me abraçou e disse "papai lhe ama, não importa o que acontecer quando tiver uma oportunidade corra, corra e não olhe para trás, eu nunca queria que isso tivesse ocorrido, mas confie em mim tudo acabara bem, papai lhe ama". Ele me deu um abraço forte, lágrimas correram de seus olhos, eu nunca tinha visto meu pai chorar antes, e como um último sinal de afeto, como se ele soubesse o que iria acontecer me beijou na testa e disse "pode não ocorrer tudo bem hoje, podem ocorrer coisas ruins com você e sua irmã, mas um dia vai melhorar um dia eu sentirei orgulho de você não importa aonde eu esteja, existe algo superior a tudo isso e a nós, e mais uma coisa filha cuide de sua irmã por mim" essa foi a última vez que ele falou algo para mim. Ele abaixou a lona e saiu correndo para defender a aldeia.
Eu abracei a Zairah e tentei não chorar. Ela estava muito assustada com tudo, não sei quanto tempo passou até começarem os gritos e as súplicas, mas quando começaram eu ignorei apenas fiquei brincando com a areia no fundo do barco, uma areia branquinha, fina e pura. Não sei quanto tempo passei admirando aquela areia, até que escutei uma voz familiar. Era meu pai suplicando por sua vida, eu decidi olhar pelas frestas do barco, o vi apenas de joelhos na areia totalmente ensangüentado A fresta era pequena, então só dava para ver meu pai e duas pernas com uma calça de militar, vi meu pai ser agredido e cair no chão, vi o homem daquelas pernas abaixar-se e gritar com meu pai. Esse homem agarrou meu pai pela camisa, obrigou que meu herói ficasse de joelhos e cabeça baixa como um carneiro no matadouro, então eu decidi levantar minha cabeça e colocá-la um pouco para fora da lona, essa foi a ultima visão que eu tive do meu pai em vida, ele estava ajoelhado na areia quente de cabeça baixa enquanto aquele homem estava com um enorme terçado nas mãos preparando-se para ceifar a vida de meu pai, meus olhos arregalaram, lágrimas corriam, não apenas lágrimas em meus olhos, mas em minha alma. Não queria acreditar naquilo e com um único golpe meu herói teve a cabeça decepada. Sua cabeça rolou pela areia, seu sangue escorreu inundando a areia e manchando-la de sangue, meu coração também foi inundado e manchando, mas foi de tristeza, medo e angústia. Tais sentimentos o cauterizam por algum tempo, o cauterizaram para o amor. Eu senti uma imensa tristeza naquele momento, eu me abaixei e abracei minha irmã com toda a força, ela era muito pequena para entender. Ela era apenas uma inocente criança tinha apenas 5 anos, nova demais para entender o que estava ocorrendo. Enquanto eu a abraçava ela cochichou em meu ouvido "o papai esta bem? escutei uns gritos" eu falei " Zairah o papai..." dei uma pequena pausa para suspirar e engoli o choro e pensar em algo para dizer para minha irmã "...ele apenas esta brincando com uns amigos" essa foi a única resposta que veio em minha mente. A morte de meu pai é uma cena de minha vida que tentei esquecer, mas até hoje ao fechar de meus olhos vejo como se fosse ontem, todo o dia eu me lembro do sofrimento dele por mim, talvez se ele tivesse fugido antes de tentar me salvar e não tivesse tentado proteger a aldeia ele conseguiria se salva.
O tempo passou como uma eternidade dentro daquele barco, queria acordar do que achava ser um pesadelo. Não o sei tempo exato desde que meu pai fora morto até aquele monstro nos encontrar, podem ter sido alguns minutos, mas para mim uma menina de 11 anos pareceu uma eternidade. Um homem cujas mãos estavam sujas de sangue de inocentes, cujo o corpo apresentara diversas cicatrizes, cujo o rosto expressava um macabro e medonho sorriso arrancou a lona e disse "veja o que encontrei aqui dois diamantezinhos puros e inocentes" Eu puxei a Zairah e tentei correr, mas ele agarrou meu braço com força e disse " Aonde as mocinhas pensam que vão? Quero brincar um pouco com vocês" aquele brincar me soou de forma tão medonha eu já sabia o que ele queria e iria fazer, eu pensava que seria diferente, que seria com alguém que eu amasse, mas não. Naquela tarde de verão eu que fora uma areia branca, fina e pura como aquela do fundo do barco, me transformara em mais uma vitima daqueles loucos demônios devoradores de crianças, mulheres e homens tudo em troca de um punhado de prazer e diamantes.
Depois que ele sujou minha inocência me jogou com força contra uma árvore eu cai no chão em prantos enquanto aquele demônio possuía minha pobre e inocente irmã. Eu olhei para o chão e vi uma terra negra e pensei "antes eu era como aquela areia branca, agora sou essa negra e suja areia". Não me lembro de detalhes, mas segui o conselho do meu pai assim que ele largou minha irmã e juntou-se aos outros monstros da carnificina para empalar as cabeças degoladas, agarrei a Zairah e corri floresta a dentro, corri sem olhar para trás. Quando ele percebeu que estávamos fugindo disparou diversas vezes nem um dos projéteis me atingiu, entretanto minha pobre irmãzinha teve a vida ceifada naquele momento. Demorei um tempo para perceber que minha irmã fora alvejada nas costas e já perdera muito de seu precioso sangue, não havia nada que eu pudesse fazer, ela já estava morta, fria como a noite da Angola, sua cor negra viva cedera espaço para uma cor pálida, pálida de morte.
Naquele momento quis morrer, eu não consegui proteger minha irmã eu deveria cuidar dela, entretanto falhei, a vida não fazia sentindo. A promessa do meu pai pareceu que não iria se realizar estava tudo horrível achei a maior utopia do mundo o que meu pai idealizara. Eu pensava comigo, o que eu havia feito para merecer aquilo se eu respeitava meu pai, fazia tudo o que ele mandava, respeitava minha irmã, cuidava dela, por que eu deveria sofrer daquele jeito? Essa é uma pergunta para qual até hoje eu não tenho resposta.
Não me lembro como cheguei até o campo de refugiados talvez tenha isolado essa lembrança em minha mente pelas cenas que vi pelo caminho, mas o que importa é que no acampamento fui acolhida e depois de um mês fui mandada para um orfanato para órfãos de guerra. No orfanato criei algumas amizades como a Zãiba uma adolescente de 15 anos que vivenciou a mesma agressão que eu. Nós conversávamos muito, principalmente sobre a posição da mulher na sociedade africana, um mero objeto de prazer efêmero, nós não nos conformamos com essa situação de fragilidade na qual estávamos inseridas, não apenas no contexto africano, mas no mundo. Eu me revoltava com a ideia que nós mulheres apenas éramos um objeto de prazer e geradoras de filhos, não aceitava e não aceito uma sociedade dividida por sexo, qual a diferença além da anatômica de um homem para uma mulher? Ambos não sentem dor, sofrimento, angústia, medo e amor? Eis um sentimento que por muito tempo eu não tive até o dia que as coisas começaram a mudar.
Em uma tarde de verão igual a aquela na qual minha vida mudou, ela novamente mudaria. Um casal de missionários cristãos estava no orfanato para adotar uma criança, eles se apaixonaram por mim e por minha história desde o primeiro momento e me adotaram. No dia de minha despedida a Zãiba me abraçou e disse que estava muito feliz por mim e esperava a hora de ela ser adotada também, nunca mais vi a Zãiba, dizem que ela fugiu do orfanato e virou uma garota de programa em uma casa noturna de Luanda. Não queria esse fim para uma das poucas pessoas que me escutaram e me amaram.
Fui levada para Europa, aquele casal me tratou como se fosse uma filha de sangue, naquele momento recebi minha segunda família, a primeira fora ceifada por monstros, essa nova está ao meu lado até hoje. Eu passei a estudar nos melhores colégios, fiz medicina e em minha formatura lembrei-me de meu pai que dissera que um dia tudo iria melhorar, eis que eu agora era médica como ele dissera, creio que onde estivesse sentiu-se muito orgulhoso de meu ganho, às vezes algumas utopias tornam-se reais.
Passei a viver minha vida normalmente como qualquer garota na lira de seus 25 anos até que um dia passei mal e fui levada às pressas para um hospital, fizeram diversos exames entre eles o exame ELISA. O diagnóstico por mais duro e cruel que tenha sido chegou em minhas mãos, eu era médica sabia muito bem o que aquela frase significava: soropositivo para HIV, eu adquirir SIDA ou AIDS, o monstro que destruiu minha vida deixou muito que apenas marcas e ferimentos emocionais, ele me condenara a uma vida de enfermidade.
Foi muito difícil aceitar o meu diagnóstico, mas minha segunda família estava lá, me apoiando graças a ela superei e consegui conviver com a doença que até hoje me mata. Pouco tempo depois do diagnóstico fui convidada para trabalhar em um dos melhores hospitais da Holanda. Eis que um dia, o vi e desde o primeiro instante me apaixonei, ele era um cirurgião geral muito inteligente, bonito, educado e simpático. Eu era uma pediatra tentava de toda a força me aproximar dele. Demorei cerca de três meses para alcançar seu coração, mas quando alcancei nos amamos intensamente, ele era perfeito, inteligente, educado, gentil eu sonhara que ele um dia fosse meu marido pai de meus filhos. Nós viajávamos juntos diversas vezes, jantávamos e inúmeras vezes ele afirmou que me amava e não conseguiria viver sem mim, ele afirmava que poderia acontecer tudo que ele sempre continuaria ao meu lado, eu o amava. Ele era o homem de meus sonhos, mas como sempre os sonhos acabam.
O meu sonho acabou quando eu disse a ele sobre minha história e a minha doença. Não pensava que ele teria aquela reação. Eu em minha ingenuidade pensava que o homem que eu idealizara iria compreender, mas não. Tratou-me com repúdio disse que eu era a mais imunda mulher da face da Terra que eu deveria ter morrido naquela tarde, ele com aquelas palavras feriu-me tão profundamente, que se tornara um segundo abuso. Não um abuso físico, mas emocional. Não o culpo totalmente ele é filho de uma sociedade machista e prepotente a qual vive pela aparência e não pela essência, talvez ele até me amasse eu o amava, entretanto, a sociedade não aceitaria eu como nora, talvez ele pensasse no futuro o que todos iam dizer então ele preferiu torna-se um covarde do que assumi um dito problema, aparências apenas disso aparentemente que a humanidade vive. Ele não foi o último nem o primeiro que me discriminou pela minha história e doença, mas não esperava isso dele.
Naquele dia quando cheguei em casa sentei em minha cama e pus-me aos prantos, chorei pelos olhos e pela alma, pensei no mal que homens me fizeram primeiro o monstro da Angola o segundo aquele Dr. dilacerador de corações, eu pensei nas palavras dele, aparentemente ele tinha razão eu era uma areia imunda e manchada, eu não me considerava pura, minha inocência foi tirada aos 11 anos, mais tarde senti repúdio de tal pensamento que por mais que efêmero que fosse quase me custou a vida. Naquele momento eu criara ódio de todos os homens da face da Terra. Respirei fundo e decidi desisti. Peguei o lençol em cima da minha cama subi na mesa, amarrei o lençol no lustre depois passei duas voltas em meu pescoço e dei um nó, respirei fundo fechei os olhos pensei em tudo. Lágrimas corriam feito rios, minha alma transbordava de tristeza eu tinha um nó na garganta, engelhei o rosto segurei a respiração e então pulei da mesa, eu queria fugir desse mundo imperfeito que me discriminava por ser negra, mulher e portadora de HIV. Passei alguns segundos pendurada e então o lustre quebrou-se.
Cai no chão com uma força bruta, minha cabeça ecoava de dor. Eu estava toda ensangüentada, os cristais rasgaram minha pele negra. Em pouco tempo meus segundos pais chegaram e viram meu sangue e minhas lágrimas, eles se desesperaram me tiraram de lá, meu segundo pai me agarrou em seus braços e desceu dois lances de escada, naquele momento lembrei-me de meu primeiro pai o qual acreditou em mim e andava todo o dia 4 quilômetros para me levar até a escola e percebi o quanto fui idiota. Meu pai se sacrificou até o último suspiro por mim semelhante a Cristo naquela rude cruz e eu desprezei todo o amor em mim investido eu rejeitei o amor de três pais. Meu pai levou-me até o seu carro colocou-me no banco de trás e aflito me levou ao hospital, enquanto estava vendo meu pai chorando repensei no ódio que acabara de criar dos homens realmente dois homens me fizeram muito mal, mas em contra partida outros dois foram tudo em minha vida.
Após os curativos uma psicóloga veio conversar comigo eu estava envergonhada, conversei um bom tempo e aquela conversa mudou minha vida. Decidi deixar de ser uma vitima calada sem voz nesse mundo cruel, decidi que era a hora de agir, de gritar, protestar, mostrar ao mundo o tratamento que suas mulheres estavam recebendo. Comecei escrevendo em um blog escrevia artigos de cunho critico denunciando o que ocorria no mundo, da violência física, sexual e emocional que as mulheres sofriam, no início pensei apenas nas mulheres depois percebi que não eram apenas elas que sofriam, mas também as crianças, os velhos, os pobres, os famintos, os homens. O mundo estava sofrendo e eu apenas me importava com um gênero, não estava eu criando mais muros? Nesse momento decidi lutar pelos desfavorecidos, pelos excluídos, não importando o sexo, a cor e a classe social. Eu virara naquele momento uma cidadã do mundo alguém que queria um mundo mais justo e igual.
Juntei recursos e criei uma Ong a o nome dela é defesa da vida, uma defesa não apenas para as mulheres ou homens, mas sim para todos, é impossível criar uma sociedade igualitária se criarmos muros de divisão, não devemos deixar que a condição social, o gênero, uma diferença racial ou até mesmo uma enfermidade vire muros para dividi o homem, não o homem no sentido do Homo Sapiens do sexo masculino, mas a humanidade como um todo. Todos nós sentimos as mesmas coisas medo, tristeza, alegria, fé, esperança, felicidade e AMOR. Esse último demorei um tempo para redescobri, todos nós sofremos, sorrimos e amamos, não importa se somos homens ou mulheres, brancos, negros, asiáticos, índios, se somos favorecidos pelo sistema vigente ou não todos nós somos pessoas devemos nos tratar como tal. Devemos amar uns aos outros, eu tenho uma crença particular e não irei deixar de amar quem não compartilha dela, mas minha crença é essa, eu sou cristã acredito no amor genuíno de Deus por nós e acredito que devemos amar as pessoas não importa as diferenças.
Um dia chegando em casa vi meu antigo namorado com uma menina de no máximo 20 anos ela devia ser tudo o que a sociedade queria era bonita, branca e possuía um certo grau de educação seria a nora perfeita, eu fique olhando para os dois ele percebeu e com um olhar de desprezo virou-se e beijou sua nova namorada, tal ação feriu-me não porque eu ainda o amasse, mas sim porque ele novamente tratou-me com repúdio e desprezo fechei a porta com força e sentei na escada, coloquei as mãos sobre a cabeça, chorei um pouco, depois abaixei as mãos encostei-me na parede e comecei a pensar, pensei em tudo e cheguei a uma conclusão, eu era pura como aquela areia branca do fundo daquele barco eu não estava manchada, não foi por minha vontade, por meu consentimento, foram as circunstância eu não era culpada e deveria de uma vez por todas parar de me culpar, senti naquele momento como se eu retira-se um enorme peso de meus ombros.
Hoje estou aqui contando para vocês nessa conferência internacional em defesa da mulher a minha luta a minha história, mas acho que essa conferência deveria ter outro nome, conferência internacional em defesa do ser humano não importando a raça, o gênero e a condição social, se nós mulheres queremos criar uma sociedade igualitária sem distinções de gênero devemos derrubar todas as barreiras ainda pendentes. Para finalizar quero citar duas frases a primeira é de Martin Luher King '' ... Aprendemos a voar como pássaros e a nadar como peixes, mas não aprendemos a conviver como irmãos .. '', nela podemos perceber que a humanidade conseguiu aprender os mistérios da natureza entre tanto não consegue amar o próximo, a segunda frase é de Bob Marley "Não preciso ter ambições. Só tem uma coisa que eu quero muito: que a humanidade viva unida... negros e brancos todos juntos." .Eu gostaria de ampliá-la, eu sonho com um mundo aonde todas as mulheres e homens não importando se são cristãos, judeus, mulçumanos, ateus, negros, brancos, pardos, asiáticos, índios vivam em união e harmonia... ou seja a humanidade viva unida, podem chamar isso de utopia, mas eu achava utopia que eu um dia chegaria aonde eu cheguei.

Grão de mostarda.

Havia uma senhora de idade media, que vivia em uma região de conflito e essa senhora perdera partes de seus bens materiais, por esse fato essa senhora julgou como ter problemas em sua vida, olhava para sua horta destruída e perguntava a si "agora de onde irei plantar?" olhava para seu estábulo já sem vacas e se perguntava "agora aonde terei leite?" olhava para sua casa antes confortável, agora praticamente destruída e se perguntava "aonde irei dormi?".
Essa senhora sofria, pois sua vida tinha vários problemas, ela perdera praticamente tudo, o pouco que possuía se fora. Ela não tinha mais perspectiva para seu futuro, pois tudo o que tinha não passava de uma horta destruída, um estábulo sem vacas e uma casa aos pedaços. Sofria e sofria essa pobre senhora, seus vizinhos preocupados com o sofrimento dessa mulher decidiram ajudá-la, então descobriram que havia um sábio no alto de uma montanha, então decidiram aconselhar essa senhora a visitar esse sábio.
Ela aceitou sem relutância, mesmo que fosse uma longa caminhada ela subiu a montanha e foi receber esses os conselhos, chegando ate o alto da montanha percebeu que o sábio vivia dentro de uma pequena casa, ao entrar na casa o sábio estava a sua espera com uma xícara de chá de mostarda, a senhora sentou-se a mesa e experimentou o inusitado chá enquanto tomava o sábio disse "esse chá alivia as dores físicas, a mostarda realmente alivia as dores" aquela senhora não entendeu o que o sábio quis dizer com " a mostarda alivia as dores" então ela falou para o sábio "senhor eu não possuo dor física, mas sim emocionou eu sou uma desgraçada per di tudo, minha horta não existe mais, meu estábulo esta vazio, minha casa esta destruída, durmo entre escombros, minha vida acabou" o sábio olhou para aquela senhora e disse "como dizia, a mostarda alivia dores, e qualquer tipo de dor" a mulher levantou-se e perguntou "devo comer mostardas para as minhas dores cessarem?" o sábio riu e disse "certamente que não, caso você tivesse dores nas costas lhe daria a receita desse chá, seu caso é mais especial, lhe direi o que você fará. Você precisa encontrar uma casa que nunca teve problemas, quando achar essa casa pergunte se eles tem um grão de mostarda, caso tenha pegue esse grão e seus dores iram aliviar" a senhora levantou-se meio descrente que daria certo, mas seguiu o conselho e saiu de casa em casa perguntando se la nunca havia tido problemas.
Ela chegou a uma casa muito bonita, com flores devia ser uma casa alegre, ali com certeza nunca tivera problemas, era uma linda casa, é certo que era simples, mas com cores alegres, suas flores era encantadoras haviam passarinhos que cantavam ela já se sentia melhor, bateu na porta e percebeu que uma jovem mulher levantou-se entre as flores e foi ate a ela, essa jovem possuía cabelos loiros, mãos delicadas, ela era nem alta nem baixa, possuía olhos claros e um rosto rosado, ela era linda igual a sua casa. Era uma linda jovem com lagrimas nos olhos, flores nas mãos e terra na calça, essa jovem se aproximou aquela senhora e enxugando as lagrimas perguntou aquela senhora "o que desejas em minha humilde casa?" com uma voz tão meiga e doce que faria todos os pássaros da Terra se aproximarem, aquela mulher chegou a invejar aquela jovem e pensou consigo "ela deve ser muito feliz, é linda possui uma linda casa, sua voz é meiga e doce, ela é educada, sabe cuidar de plantas essas lagrimas devem ser de amor, algum lindo cavaleiro a pediu em casamento, se eu fosse ela seria feliz" a jovem a ofereceu uma cadeira e chá de mostarda , a senhora já começou a ficar alegre, uma casa que aparentemente nuca havia tido problemas e tinha mostarda, a senhora já ia pedi um grão de mostarda quando lembrou-se que deveria perguntar se aquela casa nunca havia tido problemas, então a senhora olhou para a jovem e disse "minha jovem, eu sou uma senhora que sofro muito e quero lhe pedir um favor, me de um grão de mostarda, pois um sábio me disse que eu precisava de um grão de mostarda de uma casa que nunca tivera problemas, e vejo o quanto sua casa é linda o quanto você é linda, com certeza você nunca teve problemas" a jovem começou a lagrimar e disse "sinto muito eu não posso ajudá-la, tenho mostarda é verdade, mas também tenho problemas" a senhora não sabia o que fazer vendo aquela jovem soltar rios de lagrimas em sua frente, então aquela senhora decidiu perguntar qual era o problema daquela jovem, com certeza era algo pequena, uma briga com o namorado ou algo do tipo a senhora segurando a mão da jovem e perguntou "qual o problema minha filha, você brigou com seu namorado?" a jovem soluçando disse "adoraria poder brigar com ele, mas ele esta morto" aquela senhora sentiu um frio enorme, não sabia o que falar, então deixou a jovem desabafar "ele era meu noivo, casaríamos mês que vem, ele era lindo era perfeito, qualquer uma morreria para passar um dia ao seu lado, ele me amava muito, logo eu desajeitada do jeito que eu sou, ele era perfeito recusou diversas boas propostas ate uma filha de barão queria ele e ele recusou acredita! Tudo pra ficar comigo, ele me amava muito e eu lhe amava mais ainda ele era perfeito, mas o chamaram para servi na guerra e ele foi morto em combate, recebi uma carta ontem do general dele, na carta dizia que ele morreu como herói, eu não quero um herói! Quero meu amor ao meu lado, não sei mais o que fazer! Estou preparando a casa para a chegada do seu corpo da mesma forma que prepararia quando ele voltasse da guerra, preparei o chá que ele mais gosta, quero vê-lo só mais uma vez antes de eu me despedir dele momentaneamente, eu o amo" a jovem abraçou aquela senhora, a senhora estava sem palavras não sabia o que fazer, o que dizer, apenas abraçou a jovem e disse que tudo ia melhorar, a jovem limpou as lagrimas e com um sorriso e disse "a senhora deve ter sido enviada dos céus eu precisava disso, precisa falar com alguém, as minhas flores não respondem , apenas ouvem sou muito grata aos céus por te enviado a senhora e se não for pedir muito peço que venha amanha aqui de novo, não tenho muitas amigas não queria velar meu marido com desconhecidos apenas, a senhora pode fazer isso?" a senhora penas conseguiu acenar com a cabeça e despedisse daquela jovem, ao sair da casa ja sentia seu problema menor e pensou "eu irei fazer melhor do que conseguir um grão de mostarda, conseguirei dois e darei um a essa jovem" e assim ela foi a segunda casa.
Ela caminhou e viu um lago lindo e uma casa próxima, uma casa interessante ela era diferente possuía contornos harmônicos, combinava perfeitamente com o ambiente ela via uma beleza na casa sem igual, e pensou "que casa linda, só de vê-la eu já fico mais alegre a pessoa que vive nela deve ser muito feliz" ela aproximou-se da casa e bateu na porta, quem a atendeu foi um senhor idoso, com uma bengala e convidou-a a entrar, esse senhor falou que foi uma grande surpresa receber alguém em casa, ele não recebia muitas visitas, ela analisou a casa dele e viu algumas coisas interessantes como varias gravuras feitas a carvão, eram perfeitas, contornos nítidos, sombras e eram gravuras de pessoas. Na casa haviam vários quadros e livros, ela chegou ate uma mesa com duas cadeiras, aquele senhor tirou os livros de cima da mesa e convido-a a se sentar e saborear um chá de mostarda o senhor olhou para ela e perguntou "o que lhe trás ao meu recinto?" quando ela foi dizer sobe a mostarda o senhor disse "fico feliz de ver uma pessoa, eu geralmente só vejo os livros e eu passo meu tempo desenhando, sabia que eu era o arquiteto real? Eu era, mas foi a algum tempo no passado, não muito, fui ate a guerra. Essa era minha casa de ferias, eu gosto muito daqui, achei que você bom eu ficar um tempo aqui, desculpe se estiver sendo chato faz um mês que não vejo ninguém. Sabia que eu tinha um filho, a nora dele era ótima ela sempre me ajudava nos meus desenhos, ela gostava de conversa comigo ela era uma das poucas que não me achavam um louco varrido, eu tinha um neto muito esperto ele me imitava, ele rabiscava um pedaço de papel com carvão e vinha me mostrar ele tinha o jeito do avó a criatividade do pai, meu filho era muito criativo foi ele que projetou essa casa, que bons tempos. Pena que acabou, a única coisa que sobrou foram essas gravuras de carvão" o senhor se levantou e trouxe varias gravuras, numa havia uma criança com algo na mão, a outra havia uma mulher com um longo vestido segurando uma flor, na outra um homem alto e forte, e em uma outra os três juntos o homem parado a mulher com o vestido segurando o braço do homem e a criança sentada no chão amostrando algo, parecia ser uma gravura o senhor olhou para a senhora e disse "essa era a minha família e que linda família!" ele deu uma ultima gravura para ela observar eram vários riscos, mas dava para ver que era uma arvore, um unicorne, um lago e um castelo eram traços bem infantis, mas eram firmes. o Senhor com muito orgulho disse "foi meu neto que fez, ele era um gênio, com certeza teria sido o melhor ele tinha o sangue dos arquitetos em suas veias, mas agora não vou mais ver isso" a senhora já havia entendido o que havia ocorrido, era provável que a família daquele senhor havia sido ceifada na guerra sua desconfiança foi confirmada apos a pequena pausa do senhor "eu tinha tudo, agora tenho nada. Acho que vou me nutrir das boas lembranças, e pela esperança de encontrá-los um dia, enquanto isso vou ler meus livros, pintar minhas telas e riscar meus papeis, não estava em meus planos conversa com alguém de carne e osso, mas eu adoraria conversa com a senhora novamente, se não for muito incomodo, você deve estar pensando que velho louco é esse, pode pensar todos pensam assim, o que mesmo a senhora queria?" a senhora sorrio e disse "ah, só queria visitar as pessoas ao meu a redor, percebo que eu não conheço muitas pessoas, e também estou procurando sementes de mostarda percebo que você tem elas" o senhor sorrio "tenho, mas elas estão moídas, o chá delas é ótimo para dor" a senhora se levantou e disse que já precisava ir o senhor levantou-se e a conduziu ate a porta se despediriam e ele falou "quando a senhora quiser pode vim, eu gostei de sua visita já havia como é bom conversa com uma pessoa." A senhora sorrio e percebeu que seu problema já estava menor.
Quando a senhora saiu da casa percebeu que ela havia ganho uma semente de mostarda, na verdade ela já tinha só que não havia percebido, seu problema havia se tornado um grão de mostarda e agora que ela tinha esse grão ela poderia ajudar as outras pessoas em seus problemas ela descobriu de como a mostarda pode aliviar dores.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Para que mascaras?





Por que usamos mascaras? Por que todos os dias nos disfarçamos? Por que não podemos ser nós mesmos?

Na vida não podemos ser quem queremos ser, existem preceitos e preconceitos em nossa Sociedade. Sociedade que prega o supérfluo como primordial, temos que ser o que os meios de comunicação em massa pregam, devemos ser um modelo ideal pré-estabelecido, mas pré-estabelecido por quem?

Pela sociedade é claro, mas a sociedade não é composta por nós? Não somos a sociedade, assim como todos os seres vivos Gaia? Se somos essa sociedade qual o medo de sermos quem realmente somos? Para que as mascaras?
Quase sempre as pessoas seguem modelos criados, diversos modelos e cada um tenta se encaixar em um ou cria o seu, o ser humano por ser sociável, tem o medo de não ser aceito, por isso que existem as mascaras. Elas escondem nossa essência apresentam uma aparência, que possivelmente será aceita. Mas após um tempo com essa mascaras nós mesmo acabamos nos esquecendo de quem somos. Acabamos por se torna o personagem que criamos, acabamos nos tornando a mascara, a aparência. A essência fica trancada no fundo da gaveta da mente, vez ou outra olhamos para ela e acabamos por escolher as mascaras, praticamente todos fazem isso.

A sociedade tem seus paradigmas e nós temos medo, de que se infringimos algum sejamos punidos pela própria sociedade. Punidos não de forma legal, mas social. Punidos com o isolamento, com comentários, punidos com olhares, apenas por querer ser diferente. Um preço alto de mais, para querer ser quem realmente somos.

Podemos até pensar em ser o que escondemos por trás das mascaras, em pensar, em liberta-se. Pensar em deixar de ser norteado pela sociedade, mas ninguém é uma ilha, iria-mos sofrer, chamaria-nos de lunáticos, de utópicos, insensatos, insanos... Seriamos considerados os loucos, a sociedade esta acomodada com as mascaras, com a alienação, com os modelos ideais de estudante, de filho, de pai, de mãe, de namorado e namorada. A sociedade esta acostumada com o modelo de beleza e felicidade, a sociedade acomodou-se com as classes e castas. A sociedade aceita os muros de divisão, muros do sexo, da raça, da classe social. O único pensamento que a sociedade tem e do que passará na novela das 8, ou quem será o próximo eliminado do BBB.

Em uma sociedade dessa conjuntura, as mascaras são muito bem vindas. Mas não podemos nos acomodar a isso, não podemos aceitar uma mascara, devemos ser autênticos, não devemos ser uma marca multi-nacional. Devemos ser nós mesmos e sem as mascaras, que nos desfiguram em um outro "Eu".