Essa pergunta
nunca fez tanto sentido quanto em nosso tempo, em nosso mundo, em nossa sociedade.
Sociedade essa que a aparência, a mascara que você veste determina quem você é.
Chegamos
ao ponto de comprar estilos de vida sob a forma de um produto, de comprarmos
felicidade sob a forma de um bebida, chegamos ao ponto de olhar para uma
vitrine e não sabermos se passamos da fusão do nosso reflexo na vitrine do
produto atrás da vitrine. Em um mundo desses não saber se você é algo mais do
que um em sete bilhões é tão comum que ou evita-se pensar nisso ou tenta-se
comprar a resposta!
Esse
tema provavelmente seja a mola central de muitas das ciências humanas, a filosofia
muitas vezes tenta trabalhá-lo. Ora chega-se a conclusão que somos criaturas de
uma força divina; ora que somos um produto da herança genética e do meio; ora
que a existência precede a essência e somos nós e nossas experiências que vão
moldar o nosso eu; ora chega-se a conclusão nem uma. E ficamos em meio esse
tiroteio de pensamentos e saímos feridos. Entramos em crise existencial
perguntando para nós mesmos "Quem sou? " muitos de nós saímos dessas crises
sem respostas e não fazemos questão de tê-las, pois para isso teremos que
refletir e ignorar é mais fácil. Mas não pode-se viver assim, apena sobreviver
e muitos de nós temos feito isso. Apenas estamos sobrevivendo nesse mundo, apenas
estamos seguindo o reducionismo biológico "nascer, crescer, reproduzir e
morrer."
O
sentimento de ser só mais um em sete bilhões é angustiante, pois nada nos
difere do outro no fundo somos o mesmo, no fundo todos apenas existimos e um
dia não existiremos mais da mesma forma que um dia não existimos. Então cria-se
um vazio, um fosso, um abismo sem fim. Procuramos preenche-lo alguns tentam os
mais variados tipos de prazeres, outros tentam filosofias, outros vêem-se sem
caminho e procuram as varias evasões, outros a auto afirmação, outros uma entre
as varias religiões e outros que na realidade são a maioria não obtendo
resposta, não conseguindo preencher procura esquecer, ignorar e viver sua existência
até o fim dela tendo momentos de felicidade e se por acaso a duvida retornar a devolvem
para o fundo da mente, mas ignorar não
apaga a pergunta.
Por que
existe isso? Qual o objetivo? Não seria mais fácil apenas viver sem se preocupar
se você apenas existe? Responder as essas perguntas são tão difíceis quanto responder
"apenas existimos?". As respostas podem ser varia e elas vão depender
do que você crer, você pode crer que elas são apenas resultado do funcionamento
do nosso cérebro racional, da nossa terceira camada cerebral, do nosso neocórtex.
Mas eu prefiro crer que é algo além, eu
acredito que essa duvida foi posta em nós, por uma consciência infinitamente
superior a nossa conhecida como Deus. No que me baseio? Em minha experiência
pessoal e principalmente no que considero ser fios de luz da consciência de
Deus, a bíblia. A parte deste livro no
qual me baseio é Ec 3:11 "tudo fez Deus formoso no seu devido tempo;
também pôs a eternidade no coração do homem, sem que este possa descobrir as
obras que Deus fez desde o principio até o fim." O objetivo disso eu
desconheço, só sei que toda a vez que tentei preencher esse buraco fui falho, o
fato é que não consegui ao menos escutar as minhas tentativas chegando ao fim
desse buraco. A terceira pergunta de todas é a única que conheço a resposta,
sim seria muito mais fácil. Lagrimas seriam economizadas seria muito bom, mas
não é assim a pergunta existe, o vazio existe e por mais que tentamos ignorá-lo
hora ou outra iremos voltar a derramar lagrimas mesmo que isso demore anos e toda nossa fortaleza cairá.
Apenas
existimos? Somos apenas isso e nada mais? Se quisermos isso sim, se quisermos
podemos nos tratar como apenas animais um pouco mais evoluídos e mais nada. Se
quisermos podemos ser um produto do meio como falam os deterministas, ou
podemos ser donos do nosso próprio destino como dizem os existencialistas. Na
verdade podemos ser o que quisermos, ter a resposta que quisermos, mas não necessariamente
será a resposta verdadeira. Eu creio que
o sentido de nossa existência transcende o só existir. Ao meu ver nós
existimos, mas não apenas. Somos algo mais, somos seres dotados do livre arbítrio
com traços mesmo que mínimos de uma consciência que transcende o tempo e o espaço,
enfim somos filhos de Deus. Podemos estar afastados da natureza inicial, podemos
estar maculados, mas isso um dia vai mudar
e poderemos saber o que somos além existir. Por enquanto eu não tenho a
resposta, por enquanto ao menos sei quem sou, ao menos conheço substancialmente
a minha essência só de uma coisa eu sei: eu não apenas existo, nós não apenas
existimos. O que exatamente somos fora isso? Por que fomos criados? Para que
existimos? Para que fomos salvos? Essas perguntas não possuo resposta não sei
se tê-las-ei ainda nessa Terra, mas sei que elas poderão ser respondidas na
eternidade essas e mais algumas que acumulei em minha bagagem durante a minha
curta existência. Existência essa que levou-me a escrever estas palavras, pois
após inúmeras frustrações percebi que eu não apenas existo.