Corredores
lotados, adolescentes tendo o parto assistidas por uma enfermeira, vitimas de acidente
de trânsito com ferimentos expostos ao lado de tuberculosos. Típica rotina de
um hospital mantido pelo Estado. Nosso sistema de saúde publico -igualmente a
nossa educação- está falido e as previsões de melhoras são poucas para dizer
nem uma. Quem é o responsável? Os médicos desumanos? o Estado inoperante? A
população que aceita passivamente?
Na
noite de formatura do curso de medicina tradicionalmente os formandos fazem o juramento
de Hipócatres , no qual juram pelos deuses -ou pelo que quiserem- que
assistirão a qualquer um que precisar e sempre estarão do lado da vida, no enquanto
levando em consideração a atual conjuntura do SUS parece que alguns -ou muitos-
esqueceram do que juraram. Mas afinal
que qualidade se espera de um profissional de jornada tripla? De um
profissional sem aparo material para realizar seu trabalho?
Saúde e
educação típica promessa da maior parte dos nossos políticos. Pena que apenas
fica no plano da promessa. Mas porque culpá-los? Afinal em um Estado
hipoteticamente de orientação neoliberal o Estado corta gastos, tem pouca verba
e existem projetos mais prioritários que investir no SUS como: Estádios e
aeroportos. O Estado é culpado pela falta de planejamento, estrutura física e
humana precário do sistema publico de saúde o que acarreta na péssima qualidade
do serviço prestado. Mas a uma questão a se indagar: Vivemos em uma democracia,
nossos representantes do executivo e legislativo não chegaram ao poder sozinhos.
Quem colocou-os lá senão a sociedade?
A sociedade, principalmente a parcela mais
pobre sofre com o desdém destinado ao serviço publico de saúde: hospitais
lotados, falta de medicamentos, falta de profissionais, péssimo atendimento...
Entretanto nesse caso a vitima está sentando no banco dos réus. Culpada por
causa de sua passividade e corrupção no ato do voto. O mais incongruente é que
vende-se voto a troco de consulta medica.
Enquanto
os médicos verem seus pacientes unicamente como fonte de riqueza. Enquanto o
Estado não priorizar a Saúde. Enquanto a sociedade for passiva. E
principalmente enquanto saúde for produto. Nosso sistema de saúde permanecerá caótico
e desumano. A solução vai além de cursos para os médicos tratarem bem seus
pacientes, vai além da contratação de psicólogos para os hospitais, vai além da
ampliação do serviço prestado. A solução é tratar a saúde de acordo com a constituição,
ou seja como direito e não como produto. Talvez nossa visão neo-liberalista
tenha uma certa aversão à isso, mas não é apenas Cuba que possui um sistema
publico de saúde que funciona países como França e Noruega também. Claro que o
caminho é longo, mas nunca chegaremos lá se não dermos o primeiro passo. Direito
é direito e pessoas são pessoas.
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