sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Direito é direito e pessoas são pessoas.


                Corredores lotados, adolescentes tendo o parto assistidas por uma enfermeira, vitimas de acidente de trânsito com ferimentos expostos ao lado de tuberculosos. Típica rotina de um hospital mantido pelo Estado. Nosso sistema de saúde publico -igualmente a nossa educação- está falido e as previsões de melhoras são poucas para dizer nem uma. Quem é o responsável? Os médicos desumanos? o Estado inoperante? A população que aceita passivamente?
                Na noite de formatura do curso de medicina tradicionalmente os formandos fazem o juramento de Hipócatres , no qual juram pelos deuses -ou pelo que quiserem- que assistirão a qualquer um que precisar e sempre estarão do lado da vida, no enquanto levando em consideração a atual conjuntura do SUS parece que alguns -ou muitos- esqueceram do que juraram.  Mas afinal que qualidade se espera de um profissional de jornada tripla? De um profissional sem aparo material para realizar seu trabalho?
                Saúde e educação típica promessa da maior parte dos nossos políticos. Pena que apenas fica no plano da promessa. Mas porque culpá-los? Afinal em um Estado hipoteticamente de orientação neoliberal o Estado corta gastos, tem pouca verba e existem projetos mais prioritários que investir no SUS como: Estádios e aeroportos. O Estado é culpado pela falta de planejamento, estrutura física e humana precário do sistema publico de saúde o que acarreta na péssima qualidade do serviço prestado. Mas a uma questão a se indagar: Vivemos em uma democracia, nossos representantes do executivo e legislativo não chegaram ao poder sozinhos. Quem colocou-os lá senão a sociedade?
                 A sociedade, principalmente a parcela mais pobre sofre com o desdém destinado ao serviço publico de saúde: hospitais lotados, falta de medicamentos, falta de profissionais, péssimo atendimento... Entretanto nesse caso a vitima está sentando no banco dos réus. Culpada por causa de sua passividade e corrupção no ato do voto. O mais incongruente é que vende-se voto a troco de consulta medica.
                Enquanto os médicos verem seus pacientes unicamente como fonte de riqueza. Enquanto o Estado não priorizar a Saúde. Enquanto a sociedade for passiva. E principalmente enquanto saúde for produto. Nosso sistema de saúde permanecerá caótico e desumano. A solução vai além de cursos para os médicos tratarem bem seus pacientes, vai além da contratação de psicólogos para os hospitais, vai além da ampliação do serviço prestado. A solução é tratar a saúde de acordo com a constituição, ou seja como direito e não como produto. Talvez nossa visão neo-liberalista tenha uma certa aversão à isso, mas não é apenas Cuba que possui um sistema publico de saúde que funciona países como França e Noruega também. Claro que o caminho é longo, mas nunca chegaremos lá se não dermos o primeiro passo. Direito é direito e pessoas são pessoas.

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