sexta-feira, 20 de maio de 2011

Nós ainda vivemos em uma sociedade que defende o preconceito racial?


"1º Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade.
2º  Toda pessoa tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidos nesta Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua,  religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição. " (Declaração Universal dos Direitos Humanos)
"Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:" (Constituição brasileira de 1988)
            Nossa constituição defende a igualdade independente das diferenças, de qualquer natureza. O racismo no Brasil é inconstitucional, considerado crime, mas ainda temos alguns indivíduos racistas em nossa sociedade.
            O racismo esteve presente durante muitos anos na sociedade brasileira, fruto da colonização. Mas é no século XIX que vermos uma crescente onda racista, influenciada por novas doutrinas que foram surgindo, estudos 'cientificos' que grarantiam a superioridade branca sobre  as demais raças. Obras como Essai sur l'inégalité des races humaines (Ensaio sobre a desigualdade das raças humanas) do Frances Joseph Arthur de Gobinea defende a superioridade branca sobre as outras raças, Joseph inclusive era contra a miscigenação acreditava que ela provocaria uma degradação humana, o que pode ser evidenciada na seguinte frase "Não creio que viemos dos macacos mas creio que vamos nessa direção." No reinado de Dom Pedro II, conde Gobinea veio ao Brasil em uma visita diplomática, não viu com bons olhos as misturas raciais presentes em nossa sociedade, ele acreditava que a sociedade brasileira seria degenerada resultando em pardos e mestiços degenerados e esteries. Para Joseph de Gobinea a única solução seria uma imigração européia para 'elevar' a raça brasileira, pode ser evidenciado  esse pensamento no trecho do livro Brasiliana de autoria de Joseph. "Mas se, em vez de se reproduzir entre si, a população brasileira estivesse em condições de subdividir ainda mais os elementos daninhos de sua atual constituição étnica, fortalecendo-se através de alianças de mais valor com as raças européias, o movimento de destruição observado em suas fileiras se encerraria, dando lugar a uma ação contrária." (de Gobinea, Joseph, Brasiliana, Pag. 74).
            Apos 1888 com a abolição da escravatura, ocorreu uma grande massa de predominantemente negros ex-escravos: desempregados, sem recursos e sem para onde ir. Tiveram que se submeter a empregos, os quais eram rejeitados por todos, a sociedade na época não se interessou em ingressar o negro na sociedade. Muitas fazendas perderam sua mão de obra, mas não quiseram contratar negros, preferiram embranquecer a raça trazendo italianos, alemãs e austríacos, para trabalharem nas fazendas cafeeiras.
            O negro e o mestiço sofreram ao longo de anos discriminação e preconceito, sempre eram vistos como subalternos de brancos, vistos como inferiores. Como os negros/mestiços não foram inclusos em um primeiro momento na economia brasileira sofreram uma grande desvantagem em  relação ao branco, muitos negros/mestiços tiveram que habitar áreas envolta da cidade, áreas que se tornaram as atuais favelas com todos seus vícios. Apos isso alem de ser visto como subalterno passou a ser visto como sinônimo de criminoso perigoso, pelo fato de parte dos criminoso serem mestiços/negros, mas entenda eles não são criminosos por causa de sua cor. Eles foram pessoas sem oportunidades, que seguiram um caminham contrario a lei, mas não tiveram oportunidades por uma política de dois séculos atrás.
            Ate pouco tempo, a cultura Brasileira era preconceituosa, as novelas traziam os personagens principais brancos, e ou negro/mestiços eram subalternos. As propagandas eram escolhidas pessoas brancas. Varias instituições escolhiam brancos para trabalharem com o publico pois o branco passaria uma maior segurança, já que o branco na ideologia da época era superior as outras raças. O branco era mais instruído, educado e inteligente. Tudo uma grande farsa, um vicio na sociedade herança de uma historia manchada de sangue.
            Mesmo que o preconceito racial tenha reduzido consideravelmente, ainda temos um pouco incrustados na sociedade, uma sociedade resultante da miscigenação, brancos no período colonial misturaram-se com negros (claro que na maioria dos casos foi estrupo, escravas eram estrupadas por seu senhor, pesquisas genéticas podem comprovam essa tese) temos uma sociedade constituída de maioria mestiços, mas que se auto declaram branco por causa de um preconceito ainda existente, infelizmente o ser branco ainda é visto como sinal de status, observe a seguinte tabela:


Porcentagem (%)
2000[159]
2008[160]
53,7%
48,4%
6,2%
6,8%
38,5%
43,8%
0,4%
0,6%
0,4%
0,3%
Não declarados
0,7%
0,1%
Essa tabela é resultado é resultado da  Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD), nela vemos com aproximadamente 50% da sociedade brasileira composta por brancos, apresentar isso é negar o Brasil como um país multicultural, que ao longo dos anos sofreu miscigenação. Essa pesquisa foi feita por auto-declaração, a maior parte da sociedade vê a sua raça levando em conta a cor da pele, não leva em consideração a cor dos olho, a cor e a textura do cabelo. Não leva em consideração seu passado genético, talvez essa pesquisa não sirva para revelar a etnia brasileira, mas para revelar o quanto o brasileiro ainda é racista.
O preconceito não levara a lugar nem um, a raça pura muito menos. Grupos neo-nazista espalham o terror no centro-sul contra nordestinos, negros, índios e mestiços. Seguem uma ideologia mais do que falida, apresentam argumentos vagos. Na esfera cientifica encontramos alguns teóricos que ainda hoje defendem a diferença de inteligência entre as raças, a destacar Richard Lynn (cientista britânico) que defende diferença de inteligência entre as raças e os gêneros. Ele esquece de analisar os fatores sociais, então suas amostragens são tendenciosas, logo não podem ser tratadas como cientificas.
Mesmo em pleno século XXI vivemos em uma sociedade racialmente preconceituosa, o brasileiro com mais de um século como nação ainda não quer reconhecer, que ele é fruto de misturas inter-raciais, não a problema algum em ser mestiço, diferenças de cor/raça não determinam em hipótese um diferença que deve ser tratada como casta.
Levando em consideração o que foi apresentando podemos concluir que, a sociedade brasileira é paradoxal pois é fruto de misturas inter-raciais, mas ainda é preconceituosa. Todo o brasileiro devia ver sua nação como o quadro Operários, de Tarsila do Amaral. Talvez esse seja o melhor quadro pra caracterizar a nação brasileira. Uma sociedade miscigenada e multicultural.















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